Escala de maturidade tecnológica de um projeto

Dia 08/10/2024, por Paulo Quintairos

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Startups, Fomento e Propriedade Intelectual

Os editais de fomento público são destinados a startups classificadas em uma determinada faixa da escala tecnológica de maturidade de um projeto. Isso gera muitas dúvidas nos empreendedores, até porque muitos empreendedores desconhecem a existência de uma escala internacional para medir essa maturidade.

A escala Technology Readiness Level, usualmente referida pela sigla TRL, é uma escala originalmente criada pela agência espacial americana, a National Aeronautics and Space Administration (Nasa). Foi proposta em 1974 pelo pesquisador Stan Sadin. A Nasa adotou formalmente a escala para seus projetos em 1989. No ano seguinte, a TRL foi modificada e passou a ter os nove níveis atuais.

A Comissão Europeia adotou a TRL em 2010. No Brasil, em 2015, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) nacionalizou o conteúdo da TRL e criou a NBR ISO 16290. Atualmente a TRL é usada pelas principais agência de fomento brasileiras, como a Finep e a Fapesp, além do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). Os editais e programas dessas agências são explicitamente destinados a faixas da escala TRL.

De forma superficial, os níveis da TRL são os seguintes: (1) Pesquisa dos princípios básicos; (2) Formulação do conceito da tecnologia ou aplicação possível; (3) Desenvolvimento de prova de conceito experimental ou teórica; (4) Validação em ambiente de laboratório; (5) Validação em ambiente próximo ao real; (6) Demonstração de protótipo em ambiente próximo ao real; (7) Demonstração de protótipo em ambiente operacional; (8) Qualificação do produto por meio de testes e demonstração; e (9) Operação do produto em ambiente operacional.

Nota-se que a faixa de TRL 1 a 3 se refere a fase de pesquisa de um projeto, finalizando com a prova de conceito (PoC). A faixa de TRL 4 a 5 se refere a prototipagem. Os testes do protótipo compreendem a faixa de TRL 6 a 7. E finalmente a produção e chegada do produto (ou serviço) ao mercado se refere a faixa de TRL 8 a 9. A Fapesp adota uma escala TRL que começa no nível zero, que se refere a pesquisa envolvendo conceitos ainda não testados.

De forma geral, os editais com recursos públicos na modalidade não reembolsável cobrem as faixas mais baixas da TRL. Onde o risco de insucesso é maior. Ao contrário, quanto mais próximo das faixas TRL 8 a 9, mais difícil será obter recursos não reembolsáveis.
O chamado “vale da morte” das startups se refere a faixa de TRL 4 a 7. Trata-se de uma fase em que os investimentos necessários para o projeto são altos, por envolverem a construção de protótipos e testes. Porém os riscos de não chegar a uma resposta positiva dos testes (validação) ainda são muito altos.

Para se ter uma ideia das TRLs cobertas pelos editais públicos, vou citar alguns exemplos. O Pipe start, parceria da Fapesp com o Sebrae, cobre a TRL 0 até 3. O Pipe Fapesp fase 1 cobre a TRL 2 a 3. Já o Pipe Fapesp fase 2 cobre a TRL 4 a 6. A TRL 7 a 9 é coberta pelo Pipe Fase 3. O Tecnova da Finep cobre a TRL 6 a 9. O mais amplo dos programas é o Centelha, da Finep, que cobre a faixa de TRL 1 a 7.

Identificar a TRL de um projeto muitas vezes é uma tarefa difícil, pois nem sempre a evolução de um projeto ocorre de forma linear. Por isso, para auxiliar a identificar em qual escala da TRL está um projeto, foram criados alguns instrumentos. São as chamadas calculadoras TRL.

O Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação instituiu a sua calculadora TRL por meio da portaria MCTI n. 6449 de 17 de outubro de 2022. A ferramenta funciona somente de forma on-line, pelo link https://formularios.mctic.gov.br/index.php/117963.

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), localizado em São José dos Campos, também oferece uma calculadora TRL. Nota-se que é a única calculadora que oferece a escala TRL e a adequação da NBR ISO 16290. É possível fazer download da ferramenta, que não funciona de modo on-line, pelo link https://www.iae.cta.br/index.php/calculadoras-trl-e-mrl. Diretamente no sítio da Nasa é possível acessar a TRL pelo link https://esto.nasa.gov/trl.

Paulo Quintairos

Doutor, mestre e bacharel em Física pelo CBPF e Uerj. Coordenador de projetos de empreendedorismo e inovação da Inova-CPS (NIT do Centro Paula Souza). Professor da Fatec-Pindamonhangaba e da Universidade de Taubaté. Idealizador e fundador da TreDottori. 

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Sobre o HITT

O HITT (Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté) é um programa que desenvolve ações de apoio à criação e ao fortalecimento de empresas de base tecnológica no formato de startup, bem como de estímulo à realização de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em organizações educacionais, institutos de pesquisa e empresas, orientando profissionais para os desafios da inovação tecnológica e do empreendedorismo. O objetivo é contribuir com o desenvolvimento científico, tecnológico, social e econômico do município de Taubaté e da região do Vale do Paraíba.

A gestão do HITT é feita pela FAPETI (Fundação de Apoio à Pesquisa Tecnologia e Inovação) da UNITAU (Universidade de Taubaté) e o apoio econômico é do Via Vale Shopping.

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